18 de julho de 2011

Canções de fogo...!


Neste artigo, não vou analisar uma “canção” em específico, pois quero, valendo-me de exemplos gerais, enfatizar que os hinos devem sempre exaltar o nome do Senhor. Eu sei que, ao abordar esse assunto, estou mexendo num “vespeiro”, uma vez que os “hinos” de maior sucesso e apelo comercial são aqueles que priorizam efemeridades, e não o louvor a Deus.
Boa parte dos cantores evangélicos segue ao caminho do humor e da auto-ajuda. Eles divertem e animam o público com letras que, desprovidas de sólido fundamento bíblico, só servem para confundir e promover um evangelho que não dá à Pessoa de Cristo a devida honra, além de induzir o povo a deixar de lado a reverência.



500 graus? Chamem os bombeiros!

Uma conhecida composição (já antiga, mas famosa) menciona um calor de centenas graus celsius na presença de Deus, mais precisamente “500º de puro fogo santo e poder... Pra fazer o inimigo fugir de você”. Tudo bem, tudo bem... Licença poética, linguagem figurada... No entanto, responda-me com toda franqueza: Você acredita mesmo que esse tipo de letra exalte o nome do Senhor, ou é apenas, atrelada ao estilo musical, uma canção motivacional, animadora, que “mexe” com o público?
 
E o que dizer de uma canção “evangélica” pela qual se afirma o que menciono abaixo?

Incendeia, Senhor, a sua noiva...
Ele vem, ele vem saltando pelos montes;
Seus cabelos, seus cabelos são brancos como a neve.


Ora, não devemos supervalorizar a simbologia do fogo, que aquece e ilumina os corações (Jo 8.12; Mt 4.16), para cantar que Cristo incendeia a sua noiva! Tudo tem limite! Afinal, que Deus é esse, que, além de incendiar a sua Igreja, vem saltando pelos montes? Isso sem levar em consideração o estilo musical empregado nessa canção, pra lá de dançante. Infelizmente, muitos hoje, enganados, acham o “máximo” dançar à vontade dentro dos templos destinados à adoração.
Várias canções (e não hinos) entoadas pelo povo de Deus possuem ritmos arrastados, com batidas repetitivas, o que produz um “clima” de descontração, e não de adoração. Precisamos decidir, caros irmãos: O que vamos fazer no templo, adorar a Deus ou buscar entretenimento? Quem quiser diversão, deve procurá-la em outros lugares, pois o templo é lugar de oração, louvor e exposição da Palavra de Deus (At 2.42-47; 5.21), e não de dança e entretenimento.

Os anjos também agradecem a preferência!


Não bastassem as letras de auto-ajuda e que desafiam o Diabo, os anjos também têm presença garantida nas canções de maior sucesso. Anjos que sobem; anjos que descem; anjos com espadas flamejantes; anjos que aparecem em fotos; anjos que ensinam jovens a dançar... A razão de os compositores não pararem de fazer “hinos” sobre anjos é simples: o povo gosta!
E, se o povo gosta, então devemos satisfazer a sua vontade, não é mesmo? Não! O nosso culto é a Deus (Rm 12.1), e não aos homens! Muito menos aos anjos, que vêm sendo, indiretamente, cultuados. Por que existe na Palavra de Deus o seguinte alerta?

“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto aos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão” (Cl 2.18).

A ênfase aos anjos é tão grande, hoje em dia, que até parece que cumprem as nossas ordens. Não estou afirmando que eles não nos ajudem; mas precisamos ter em mente que é Deus quem os envia (Hb 1.14; Dn 6.22). Devemos, por conseguinte, buscar ao Senhor, em nome de Jesus (Jo 14.13; 15.16); e o nosso louvor também deve ser para Ele, fazendo coro com os anjos, que o adoram (Is 6.1-8; Ap 4.8-11).

Je t’aime... I Love you...

Partindo-se da premissa de que os hinos devem, antes de tudo, prestar louvor ao Cordeiro de Deus, deve haver neles a ênfase expressa ao Senhor Jesus Cristo. E não é isso que ocorre em nossos dias... Os males do secularismo — nome mais suave para mundanismo — atingem os crentes de tal modo, que cantores evangélicos não se incomodam mais em gravar músicas românticas para os crentes, que compram os CDs e ainda cantam as canções nas igrejas! E não apenas em casamentos!
Sou jovem, considerando que a vida começa aos quarenta anos... Afinal, só tenho 37. Mas, pergunto: Por que não voltamos a cantar hinos como os de antigamente? Os de hoje, em sua maioria, sequer podem ser chamados de hinos! São composições que visam a animar o auditório ou melhorar a auto-estima das pessoas. Balançam o corpo, e não o coração!
Muitos acreditam que avivamento seja sinônimo de inovação. Daí surgirem as danças, coreografias, representações teatrais, em excesso, as palestras de motivação em lugar da pregação cristocêntrica, os estilos românticos e eletrizantes, as roupas extravagantes, a linguagem chula, etc. Deus não precisa desses elementos no culto! Não devemos confundir o que gostamos com o que agrada ao Senhor!
Ouçamos o conselho de Deus: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para a vossa alma...” (Jr 6.16). Avivamento verdadeiro é um retorno: “... renova os nossos dias como dantes” (Lm 5.21).
Peço a todos que reflitam com base nas Escrituras sobre a atual superfluidade da hinologia evangélica. Onde está a linha divisória entre o mundo e a igreja? Não está havendo em nossos dias confusão entre o santo e o profano? O nosso objetivo é pregar a Palavra de Deus, ou criar atrativos para manter as pessoas nos templos ou nos grandes ajuntamentos? Onde estão os hinos bíblico-cristocêntricos?

Respeitosamente,


Ciro Sanches Zibordi

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